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Trump diz não ver problema em envio de tropas de paz europeias para a Ucrânia e afirma que 'Putin aceitará'

24 de Fevereiro de 2025, 18:11

Presidente dos EUA recebe o francês Emmanuel Macron na casa Branca nesta segunda-feira (24) para discutir a guerra no Leste Europeu. Donald Trump recebe o presidente da França, Emmanuel Macron, na Casa Branca, em 24 de fevereiro de 2025 Brian Snyder/Reuters O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (24) não ver problema em um eventual envio de tropas europeias de paz para a Ucrânia. Trump, que disse já ter conversado por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou ainda que "Putin aceitará" a permanência dessas tropas em território ucraniano. O presidente americano deu as declarações ao lado do francês Emmanuel Macron, a quem recebeu para uma reunião na Casa Branca. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Ao longo da guerra da Ucrânia, que completou três anos nesta segunda, Putin disse diversas vezes que consideraria a presença de tropas do Ocidente na Ucrânia como uma declaração de guerra direta. Neste caso, no entanto, as tropas europeias não lutariam ao lado de soldados de Kiev, mas seriam enviadas para manter a paz no país após um eventual fim da guerra. A intenção de não colocar soldados europeus no front, mas apenas como garantia para o encerramento dos combates, foi confirmada por Macron. A declaração de Trump é feita dias após o presidente americano ter direcionado declarações ríspidas ao líder ucraniano, Volodymyr Zelensky. Na última quarta (19), Trump chamou Zelensky de "comediante modestamente bem-sucedido" e "ditador", além de fazer ameaças diretas. Dois dias depois, ele afirmou que a presença de Zelensky na mesa de negociações não era muito importante: "Ele está lá há três anos. Ele faz com que seja muito difícil fechar acordos", afirmou, em uma entrevista. Zelensky, por sua vez, acusou Trump de exigir US$ 500 bilhões em riquezas da Ucrânia em troca de apoio dos Estados Unidos. O presidente ucraniano afirmou ainda que não poderia vender o próprio país. Representantes dos EUA e da Rússia chegaram a se reunir na Arábia Saudita para negociar o fim do conflito sem a presença de nenhuma autoridade ucraniana. Reunião de emergência No último dia 17, líderes europeus já haviam afirmado estar prontos para enviar tropas de paz para a Ucrânia após a assinatura de um acordo de paz entre Moscou e Kiev. O continente demonstrou preocupação com a aproximação entre Donald Trump e Vladimir Putin. Os europeus defenderam aumentar o gasto militar para se proteger da ameaça expansionista da Rússia, após uma reunião de emergência realizada em Paris. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse estar "pronto e disposto" a enviar tropas britânicas para a Ucrânia como parte de um possível acordo de paz. O presidente dos EUA, Donald Trump, surpreendeu os aliados europeus na Otan (aliança militar ocidental criada na Guerra Fria para frear a União Soviética) e na Ucrânia no início do mês passada quando anunciou que havia mantido uma ligação com Vladimir Putin sem consultá-los e que iniciaria um processo de paz. No domingo (23), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse estar disposto deixar o governo de seu país em troca de um fim da guerra na Ucrânia. Zelensky também condicionou uma eventual saída do cargo à entrada da Ucrânia na Otan. Disse ainda que está disposto a uma saída imediata do cargo e que "não planejo estar no poder por décadas".

VÍDEO: caças italianos escoltam avião da American Airlines após ameaça de bomba

24 de Fevereiro de 2025, 18:06

Segundo a agência Reuters, a ameaça de explosivos teria sido enviada por e-mail, mas foi posteriormente considerada infundada. Caças italianos escoltam avião da American Airlines após ameaça de bomba Um voo da American Airlines que ia de Nova York, nos Estados Unidos, para Nova Déli, na Índia, foi desviado para Roma, na Itália, neste domingo (23), depois de uma ameaça de segurança. 🛩️ Imagens mostram caças da Força Aérea Italiana escoltando a aeronave, que realizou um pouso de emergência no Aeroporto Leonardo da Vinci, em Roma, às 17h30 (veja no vídeo acima). ➡️Segundo a agência Reuters, o voo foi desviado para a Itália devido a uma ameaça de bomba enviada por e-mail, que mais tarde foi considerada infundada. Relatos indicam que os passageiros foram obrigados a permanecer no avião por 15 horas devido ao incidente. Uma aeronave Eurofighter da Força Aérea Italiana escolta um avião da American Airlines Força Aérea Italiana /Divulgação /voa Reuters Caça escolta avião que sofreu ameaça de bomba Italian Air Force - Aeronautica Militare / AFP LEIA TAMBÉM Papa Francisco internado: Vaticano anuncia início de orações noturnas pela saúde do pontífice na Praça de São Pedro Gisèle Pelicot, sobrevivente de estupro coletivo, é eleita uma das Mulheres do Ano de 2025 pela revista Time

Papa Francisco tem leve melhora, mas segue em estado crítico, diz Vaticano

24 de Fevereiro de 2025, 17:40

Boletim médico aponta falha 'leve' nos rins. Segundo a nota, Francisco retomou parcialmente os trabalhos e conversou com paróquia em Gaza. Papa Francisco Filippo MONTEFORTE / AFP O papa Francisco teve uma leve melhora na tarde desta segunda-feira (24), segundo boletim médico divulgado pelo Vaticano. De acordo com a nota, o pontífice tem uma "leve" falha nos rins que está sendo monitorada, mas que não é motivo de preocupação imediata. Francisco retomou parcialmente seus trabalhos pela tarde, e inclusive conversou por telefone com a paróquia de Gaza. O prognóstico permanece reservado, no entanto. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp "Ainda hoje não houve episódios de crises respiratórias asmáticas; alguns exames laboratoriais melhoraram", disse a Santa Sé. "O monitoramento de insuficiência renal leve não é uma preocupação. A oxigenoterapia continua, embora com fluxo e porcentagem de oxigênio ligeiramente reduzidos." "Dada a complexidade do quadro clínico, os médicos prudentemente não estão divulgando um prognóstico ainda. Pela manhã recebeu a Eucaristia, enquanto à tarde retomou suas atividades laborais. À noite, ele ligou para o pároco de Gaza para expressar sua proximidade paterna. O Papa Francisco agradece a todo o povo de Deus que se reuniu nestes dias para rezar por sua saúde", afirma a nota. Nesta madrugada, o Vaticano havia informado que o pontífice "passou bem a noite, dormiu e está descansando". O pontífice continua lutando contra uma pneumonia bilateral. A insuficiência renal havia sido noticiada pela primeira vez no domingo (23), afirmando que a condição estava controlada. No fim de semana, o Vaticano também havia dito que Francisco está "vigilante e bem orientado" e sem crises respiratórias, apesar de seguir em estado de saúde considerado crítico. Almofadas nasais O boletim de domingo afirmou também que o pontífice segue fazendo uso de almofadas nasais para a aplicação de oxigênio em altos fluxos (oxigenoterapia). Mais cedo, o Vaticano já havia informado sobre esse procedimento. O pontífice também convidou os fiéis a rezarem pelos países onde há conflitos, da "Palestina ao Sudão", com um pensamento particular para a Ucrânia. Internação Para Francisco teve noite tranquila, diz Vaticano O papa Francisco foi internado desde 14 de fevereiro após sentir dificuldade para respirar por vários dias. O pontífice, de 88 anos, encontra-se há dez dias no hospital Gemelli, em Roma. No hospital, ele foi diagnosticado como pneumonia bilateral e infecção polimicrobiana. No sábado (22), um boletim médico apontou uma piora no estado de saúde de Francisco, afirmando que ele teve uma crise de asma prolongada e que exames apontaram a necessidade de transfusões de sangue. Durante todo esse período, diz o Vaticano, Francisco tem trabalhado e se mantido informado através da leitura de jornais. O papa também consegue se movimentar dentro de seu quarto no hospital, atende algumas ligações telefônicas e continua com alguns afazeres administrativos. Ainda segundo o Vaticano, todos os compromissos públicos do papa foram cancelados.

Neta de ministro de Hitler que se reuniu com Bolsonaro perde eleição para a esquerda na Alemanha

24 de Fevereiro de 2025, 16:25

Beatrix von Storch é uma das principais figuras do AfD. Partido de extrema-direita cresceu, mas Beatrix perdeu cadeira no parlamento para jornalista de 35 anos que é uma das novas líderes da nova esquerda. Beatrix von Storch e o marido em encontro com Bolsonaro no Palácio do Planalto Instagram/Reprodução Beatrix von Storch, neta de um ex-ministro de Adolf Hitler e uma das principais figuras da extrema direita da Alemanha, perdeu sua cadeira no parlamento alemão na eleição deste domingo (23) para Ines Schwerdtner, líder do partido A Esquerda (Die Linke). Beatrix ficou conhecida no Brasil ao se reunir com o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2021. "Para enfrentar com êxito a esquerda, os conservadores também precisam se conectar melhor internacionalmente", ela disse na época. A neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, que foi ministro nazista das finanças, é uma das principais figuras do Alternativa para a Alemanha (AfD). Beatrix, de 53 anos, representava o distrito eleitoral de Berlin-Lichtenberg no parlamento alemão. Os conservadores do União Democrática Cristã (CDU) foram os mais votados em um pleito com o maior crescimento da extrema direita no país desde o governo de Adolf Hitler. No entanto, Beatrix perdeu a eleição para Ines Schwerdtner, de 35 anos, uma das líderes do partido A Esquerda, que renovou seu eleitorado e teve um resultado acima do esperado neste domingo. Ines Schwerdtner é jornalista e trabalhou na edição alemã da revista de esquerda "Jacobin". Ela venceu no distrito de Lichtenberg com 34% dos votos. LEIA TAMBÉM: Vencedor, Friedrich Merz quer compor novo governo até a Páscoa Social Democratas sofrem derrota na Alemanha, conservadores vencem, e extrema direita tem ascensão recorde Medo e impotência: imigrantes brasileiros na Alemanha lamentam ascensão da direita radical Saiba quem cresceu na eleição parlamentar da Alemanha

'Fator Trump' é 'arma' mais poderosa de Putin nos 3 anos de guerra na Ucrânia, dizem especialistas; entenda

24 de Fevereiro de 2025, 16:25

Investida do presidente dos EUA mudou trajetória do conflito, e Trump pode 'dar a vitória' aos russos em uma guerra estagnada. Conselho de Segurança da ONU vota propostas nesta segunda (24). Guerra da Ucrânia completa 3 anos A guerra na Ucrânia, que completa três anos nesta segunda-feira (24), teve sua trajetória alterada pelo “fator Trump”, que se tornou uma "arma" poderosa a favor da Rússia, segundo especialistas consultados pelo g1. A interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que travou uma negociação direta com os russos sobre o fim da guerra, excluindo Ucrânia e europeus, abalou as estruturas da ordem mundial e aumentou temores da Europa sobre o futuro da geopolítica, disseram ainda os especialistas. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Trump quer rapidez nas negociações por um acordo de paz, mesmo que isso signifique atender às demandas de Moscou — a anexação de 20% do território ucraniano atualmente controlado por tropas russas, e a proibição de que a Ucrânia de entre para a Aliança Militar do Atlântico Norte (Otan). No entanto, a pressa dos EUA também pode atrapalhar a resolução final do conflito, ainda de acordo com os espcialistas, já que: Um acordo de paz apressado e malfeito pode levar a guerras maiores no futuro; A anexação de territórios pela Rússia com o aval dos EUA viola da Carta da ONU e coloca em xeque outras tensões ao redor do mundo; Putin tem interesse em não parar na Ucrânia caso obtenha alguma vantagem com o atual conflito. “A paz é desejada, mas ela não pode ser a qualquer preço, porque acordos de paz malfeitos levam a guerras maiores depois”, afirmou ao g1 o professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard Vitelio Brustolin. Ele citou outros acordos malfeitos de Trump. como o da retirada das tropas americanas do Afeganistão, implementado por Biden em 2021 e criticado pela comunidade internacional. Voltando mais na História, a 2ª Guerra Mundial começou após um acordo de paz malfeitos, segundo Vitelio: o Pacto de Munique, que autorizou anexação dos Sudetos da Tchecoslováquia pela Alemanha de Hitler em 1938 deu o precedente para o ditador nazista fazer novas invasões e dar início ao conflito global meses depois. Nesta matéria, você vai ler: Vitória na guerra? Negociações por terras ocupadas e sobrevivência da Ucrânia Expansionismo de Putin e Europa ameaçada Vitória na guerra? Trump diz que é necessário cessar imediatamente o derramamento de sangue no conflito, que já causou centenas de milhares de baixas de ambos os lados. Para a Rússia, também seria benéfico finalizar o conflito agora. Segundo especialistas, a Rússia está ganhando a guerra, mas ao mesmo tempo está longe de seus objetivos iniciais e enfrenta dificuldades para manter o conflito, segundo um estudo do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), instituição especializada em guerras. O IISS afirma que o Exército russo enfrentará “diversas restrições de equipamentos, material humano e econômicas” em 2025, e estima que tenha fôlego para aguentar sustentar a guerra no ritmo atual até 2026. "A Rússia poderia sair vitoriosa da guerra na Ucrânia se os EUA entregarem a ela uma vitória", disse Brustolin. O pesquisador de Harvard acha que só o fato de a Ucrânia seguir existindo como país já poderia ser considerado uma vitória de Kiev, que dependeu de ajuda militar e econômica de seus aliados, EUA e UE. Negociações por terras ocupadas e sobrevivência da Ucrânia Guerra da Ucrania GETTY IMAGES Trump está interessado nas terras raras ucranianas, que podem ser uma forma de tirar vantagem econômica do envolvimento indireto dos EUA no conflito. Os EUA tentam impor à Ucrânia um acordo de direitos de exploração, e podem estar negociando as terras com os russos, que ocupam territórios ricos em minérios. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, luta pela sobrevivência da Ucrânia e já admitiu a possibilidade de territórios e até de deixar o cargo em prol de um melhor destino para o país. Zelensky busca garantias de segurança do território ucraniano, que ainda não apareceram nas negociações de terras raras com os EUA. No entanto, o reconhecimento dos EUA de territórios invadidos pela Rússia seria uma violação flagrante da Carta da ONU, que proíbe guerras de anexação, pontua Brustolin. “Se os EUA reconhecerem territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia é uma subversão da ordem mundial, porque viola o direito internacional, a Carta da ONU, viola todo o sistema pós-2º Guerra Mundial”, afirmou Brustolin, citando como indício uma fala do secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, na Conferência de Segurança em Munique neste mês. Segundo o analista de segurança internacional e pesquisador do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE) Felipe Dalcin, o presidente dos EUA também busca deslegitimar Zelensky por meio de falas públicas para pressionar o ucraniano a aceitar seus termos. Trump já chamou Zelensky de “ditador sem eleições”, falou para ele assinar o acordo “antes que não tenha mais país” e disse que Putin “é quem dá as cartas” nas negociações. Chegou até a dizer que foi a Ucrânia quem iniciou a guerra contra a Rússia, ao contrário do que aconteceu, e que o presidente ucraniano atrapalha o acordo. Outros interesses do governo Trump por trás das negociações estão uma priorização dos interesses dos EUA, na lógica de “América primeiro”, uma estratégia de usar a Rússia para pressionar a Europa –a gastar mais em Defesa–, segundo Vitelio. Felipe Dalcin afirma ainda que Trump pode estar pensando ainda mais à frente, em uma disputa de poder com a China ao tentar criar uma relação de proximidade com Putin. Uma tática similar foi praticada por Richard Nixon, quando se aproximou da China para enfraquecer a União Soviética durante a Guerra Fria. Expansionismo de Putin e Europa ameaçada Os países europeus temem que Putin não vá parar na Ucrânia e que a ameaça russa sobre a Europa aumente diante um possível acordo favorável para o fim da guerra na Ucrânia, negociado entre russos e americanos. “Existe um consenso na Europa de que o Putin não vai parar na Ucrânia, sobretudo se ele tiver o benefício de anexar territórios, porque isso já aconteceu no passado”, disse Dalcin. Esse temor pôde ser visto em falas nos últimos dias dos primeiros-ministros da Dinamarca e da Espanha, endossadas por líderes de outros países europeus. "A Rússia está ameaçando a Europa inteira atualmente. Não acho que eles vão parar na Ucrânia e estou muito preocupada com um acordo rápido de cessar-fogo porque poderia dar a Putin a oportunidade de se remobilizar e atacar novamente a Ucrânia ou outro país europeu", afirmou a premiê dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt. A UE aumentou em 50% os gastos com defesa desde a ocupação da Crimeia, mas mesmo assim sofrerá gargalos em sua defesa caso os EUA assumam postura mais distante. Já a Rússia tem tropas ocupando territórios na Georgia, na Abecásia e Ossétia do Sul, além de na Transnístria, na porção leste da Moldávia. Além da parte militar, também há suspeitas de que Moscou aplica ainda a chamada "ameaça híbrida" contra Ocidente. A suposta participação russa em interferência em eleições de países como a Romênia e a Geórgia e no rompimento de cabos no Mar Báltico, investigado por autoridades nórdicas. A Rússia tem 2º Exército mais poderoso do mundo, atrás apenas dos EUA. A União Europeia tem gargalos militares por questões econômicas e, nas últimas décadas, sua segurança dependeu dos EUA. Um relatório do Serviço de Inteligência da Dinamarca (DDIS, na sigla em inglês) divulgado na semana passada afirma que a Rússia pode desencadear uma guerra ampla contra a Europa em cinco anos, com ameaças principalmente aos países da Europa Oriental, caso haja um menor engajamento dos EUA na Otan e na defesa do continente. Os países bálticos — Estônia, Letônia e Lituânia — se preparam abertamente para uma guerra, reforçando seus exércitos e construindo muros nas fronteiras. Países do leste europeu também têm empregado gastos maiores com Defesa, alguns até chegando aos 5% do PIB, diferentemente de muitos dos Estados da Europa ocidental A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs uma cláusula de emergência que permite aos governos que as despesas militares não sejam contabilizadas em seus limites de déficit orçamentário. Após reuniões nos últimos dias, os líderes europeus concordaram que é necessário investir mais em Defesa. Trump exige que os países da Otan passem a gastar 5% do PIB para essa finalidade, o que atualmente fica na casa dos 2% em sua maioria. Por enquanto, alguns países já concordaram em elevar os investimentos a esse patamar de 5%, como a Letônia, a Lituânia e a Polônia.

Britânica diz que pais idosos foram detidos pelo Talibã e pede ajuda do governo do Reino Unido

24 de Fevereiro de 2025, 16:22

Barbie e Peter Reynolds, de 75 e 79 anos, que dirigiam programas educacionais no Afeganistão, foram detidos pelo Ministério do Interior do Talibã no dia 1º de fevereiro, segundo a filha. Barbie e Peter Reynolds, cidadãos britânicos detidos pelo Talibã Arquivo Pessoal Um casal britânico que dirigia programas educacionais no Afeganistão foi detido pelo governo do Talibã no começo do mês, informou, nesta segunda-feira (24), a filha deles, pedindo ao governo britânico que faça todo o possível para garantir sua libertação. De acordo com Sarah Entwistle, Barbie e Peter Reynolds, de 75 e 79 anos respectivamente, foram detidos pelo Ministério do Interior do Talibã em 1º de fevereiro. Em declarações à Times Radio, Entwistle disse que seus pais mantiveram contato inicialmente por meio de mensagens de texto após a detenção - garantindo aos quatro filhos que estavam bem - até perderem todo o contato três dias depois. "Nossos pais sempre buscaram honrar o Talibã, então queríamos dar a eles a oportunidade de explicar suas razões para essa detenção. No entanto, depois de mais de três semanas de silêncio, não podemos mais esperar. Estamos agora pedindo urgentemente ao consulado britânico que faça tudo o que estiver ao seu alcance para nos dar respostas e pressionar o máximo possível o Talibã para sua libertação", disse. Procurado pela agência de notícias Reuters, o Ministério das Relações Exteriores britânico disse apenas que está "apoiando a família de dois cidadãos britânicos que estão detidos no Afeganistão", sem fornecer mais detalhes. A BBC, citando fontes oficiais do Talibã, relatou neste domingo (23) que dois cidadãos britânicos, que se acredita estarem trabalhando para uma organização não governamental na província central afegã de Bamiyan, foram presos há cerca de 20 dias após usar um avião sem informar as autoridades locais. Segundo porta-voz do Ministério do Interior, além dos britânicos, uma cidadã sino-americana, e seu intérprete, Abdul Mateen, foram presos. A mulher seria Faye Hall, amiga do casal, diz a agência de notícias britânica PA. Países ocidentais, incluindo Grã-Bretanha e Estados Unidos, fecharam suas embaixadas e retiraram seus diplomatas quando o Talibã assumiu o controle do Afeganistão em 2021. A Grã-Bretanha aconselha seus cidadãos a não viajarem ao Afeganistão, alertando sobre os riscos de serem detidos lá. O casal britânico vinha conduzindo projetos em escolas no Afeganistão por 18 anos e decidiu permanecer mesmo depois que o Talibã tomou o poder, disse o Sunday Times.

Papa Francisco internado: Vaticano anuncia início de orações noturnas pela saúde do pontífice na Praça de São Pedro

24 de Fevereiro de 2025, 15:47

O número 2 do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, deve liderar a primeira oração na noite desta segunda-feira (24). Anúncio preocupa porque relembra as vigílias noturnas à luz de velas na praça que precederam a morte de São João Paulo II em 2005. Vaticano anuncia oração por papa Francisco na Praça de São Pedro, às 21h desta segunda (24) REUTERS/Dylan Martinez O Vaticano anunciou que iniciará a realização de orações noturnas pela saúde do Papa Francisco, na Praça de São Pedro, às 21h do horário local - às 17h de Brasília - nesta segunda-feira (24). De acordo com a Santa Sé, que convidou romanos e turistas para comparecerem à cerimônia, o número 2 da Igreja Católica, o cardeal Pietro Parolin, deve comandar a primeira oração enquanto o pontífice, de 88 anos, luta contra uma infecção pulmonar e suas complicações. O anúncio preocupa porque relembra as vigílias noturnas à luz de velas na praça que precederam a morte de São João Paulo II, em 2005. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Também nesta segunda, no hospital Gemelli, onde Francisco está desde 14 de fevereiro após um surto de bronquite piorar, o bispo Claudio Giulio Dori presidiu uma missa emocionante, com lotação máxima na capela que leva o nome de João Paulo II - cerca de 200 pessoas estavam presentes. “Lamentamos muito. O Papa Francisco é um bom papa, vamos torcer para que ele consiga. Vamos torcer.Estamos nos juntando a ele com nossas orações, mas o que mais podemos fazer?”, disse Filomena Ferraro, emocionada, que estava visitando um parente em Gemelli. Missa em capela no Hospital Gemelli, onde o papa Francisco está internado Vatican Media/Divulgação via REUTERS Boletins médicos Na madrugada desta segunda-feira (24), o Vaticano informou que o papa Francisco "passou bem a noite, dormiu e está descansando". O pontífice continua lutando contra uma pneumonia dupla. Um dia antes, no domingo (23), o boletim médico do pontífice falava que ele ainda estava em estado crítico, com uma insuficiência renal leve, que é inicial e estava controlada. O boletim afirmou ainda que o pontífice não sofria mais de crise respiratória. O prognóstico completo de Francisco segue em sigilo por conta da complexidade do quadro, disse ainda o Vaticano, que afirma também que ele está "vigilante e bem orientado". "O estado de saúde do Santo Padre continua crítico. No entanto, desde ontem à noite ele não apresentou mais crises respiratórias", disse o boletim. "No entanto, alguns exames de sangue mostram uma insuficiência renal inicial, leve, atualmente controlada. A complexidade do quadro clínico e a espera necessária para que as terapias farmacológicas deem algum resultado exigem que o prognóstico permaneça reservado". O boletim contou ainda que o pontífice segue fazendo uso de almofadas nasais para a aplicação de oxigênio em altos fluxos (oxigenoterapia). Vaticano afirma que Papa teve boa noite em hospital Neste domingo (23), em oração, o papa Francisco agradeceu às orações pela sua saúde e disse que continua 'realizando os tratamentos necessários'. "De minha parte, continuo confiante a internação na Policlínica Gemelli, realizando os tratamentos necessários; e também o repouso faz parte da terapia! Agradeço de coração aos médicos e ao profissionais de saúde deste Hospital pela atenção que me dispensam e pela dedicação com que prestam seu serviço aos doentes". O pontífice também convidou os fiéis a rezarem pelos países onde há conflitos, da "Palestina ao Sudão", com um pensamento particular para a Ucrânia. O texto foi divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé. É o segundo domingo que Francisco não participa da tradicional oração de Angelus. Neste domingo, a missa foi conduzida pelo Arcebispo Rino Fisichella.

Gisèle Pelicot, sobrevivente de estupro coletivo, é eleita uma das Mulheres do Ano de 2025 pela revista Time

24 de Fevereiro de 2025, 15:42

Caso da francesa que foi drogada pelo marido por 10 anos para que estranhos a estuprassem ganhou repercussão no ano passado após denúncia e julgamento dos culpados. Gisèle Pelicot compareceu a quase todas as audiências do julgamento iniciado em setembro Reuter A francesa Gisèle Pelicot, sobrevivente de um caso de estupro coletivo que resultou na condenação de 51 homens, incluindo seu próprio marido, foi eleita uma das Mulheres do Ano de 2025 pela revista Time. Ela integra a lista divulgada no dia 20 de fevereiro ao lado de 12 outras homenageadas, como a atriz Nicole Kidman e a ginasta Jordan Chiles. Segundo a Time, as escolhidas são “líderes extraordinárias que estão trabalhando por um mundo melhor e mais igualitário”. A ministra da Igualdade Racial do governo Lula, Anielle Franco, foi eleita pela revista como uma das 12 mulheres do ano em 2023. Veja quem são as mulheres do ano de 2025, segundo a Time: Nicole Kidman – Atriz e produtora A'ja Wilson – Jogadora de basquete e MVP da WNBA Jordan Chiles – Ginasta olímpica Laufey – Cantora de jazz Anna Sawai – Atriz Amanda Zurawski – Ativista pelos direitos reprodutivos Claire Babineaux-Fontenot – CEO da Feeding America Fatou Baldeh – Ativista gambiana pelos direitos das mulheres Raquel Willis – Ativista e autora Olivia Munn – Atriz e defensora da conscientização sobre o câncer de mama Laura Modi – Cofundadora e CEO da Bobbie Purnima Devi Barman – Conservacionista Gisèle Pelicot – Voz para sobreviventes de violência sexual Relembre o caso de Gisèle Pelicot Por 10 anos, Dominique Pelicot dopou a esposa Gisèle Pelicot e convidou estranhos para ter relações sexuais com ela sem consentimento. Durante todo esse tempo, a vítima não sabia que estava sendo estuprada. Gisèle só descobriu que era vítima de estupros em 2020, quando Dominique foi preso por importunação sexual contra outras mulheres. À época, a polícia apreendeu um computador usado por ele e encontrou fotos da vítima sendo estuprada por vários homens. Ao todo, segundo as investigações, Gisèle foi violentada por mais de 70 homens. Destes, 50 também se tornaram réus junto de Dominique e também foram condenados. O caso ganhou repercussão em setembro, quando começou o julgamento. Na ocasião, Gisèle abriu mão do direito ao anonimato e resolveu tornar todo o processo público. A vítima disse que tomou essa decisão para impedir que casos semelhantes aconteçam com outras mulheres. VEJA TAMBÉM Trump é eleito 'personalidade do ano' pela Time

Naufrágio na costa de Nova York deixa 3 mortos e feridos

24 de Fevereiro de 2025, 14:23
Equipes de resgate da Guarda Costeira ainda buscam uma pessoa desaparecida. Três pessoas morreram e outras duas ficaram feridas depois que um barco naufragou na costa de Nova York, nos Estados Unidos, na madrugada de domingo (23). As equipes de resgate ainda buscam uma pessoa desaparecida. Os dois feridos foram hospitalizados e um deles está em estado grave, segundo autoridades da cidade. A Guarda Costeira dos EUA liderou as operações de resgate ao naufrágio, que ocorreu a 8 km da costa sudeste da cidade, no bairro de Breezy Point. "A Guarda Costeira continua buscando o indivíduo desaparecido. Atualmente, temos uma equipe aérea da Estação Aérea de Atlantic City e o Cutter Chadwick da Guarda Costeira na área", disse o porta-voz Sydney Phoenix na manhã de segunda-feira, em e-mail enviado à agência de notícias Associated Press (AP). A polícia e os bombeiros de Nova York, a Polícia Estadual de Nova Jersey e os Pilotos de Sandy Hook, de Nova Jérsei, também participaram da operação de busca.

Líderes estrangeiros vão a Kiev apoiar Ucrânia no 3º aniversário da invasão russa ao país

24 de Fevereiro de 2025, 14:18

Presidente Volodymyr Zelensky recebeu 13 líderes europeus e do Canadá, e 24 representantes estrangeiros por videoconferência. Líderes mundiais apoiam a Ucrânia no aniversário de 3 anos da guerra A invasão russa à Ucrânia completa três anos nesta segunda-feira (24) e vários líderes estrangeiros foram à Kiev para levar apoio à população e ao presidente Volodymyr Zelensky. O momento da guerra é crítico. Em meio a discussões sobre um possível acordo de paz, proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na noite deste sábado (22), a Rússia lançou o seu maior ataque único com drones contra a Ucrânia. Durante a visita dos líderes estrangeiros, um alerta de ataque aéreo foi emitido em todo o país. "Perigo de mísseis em todo o território da Ucrânia!", escreveu a Força Aérea Ucraniana no Telegram, referindo-se à decolagem de uma aeronave russa portadora de mísseis MiG-31.   O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy e a primeira-dama Olena Zelenska participam de uma cerimônia na Praça Maidan NTB/Javad Parsa via REUTERS A cúpula que ocorre em Kiev nesta segunda conta com a participação de 13 líderes europeus e do Canadá, e de 24 representantes estrangeiros por videoconferência. Eles discutem meios de continuar ajudando a Ucrânia, diante da reviravolta de Donald Trump a favor do presidente russo Vladimir Putin. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, também estão em Kiev, para reiterar o apoio a Zelensky.  "Nesta luta pela sobrevivência, não é apenas o destino da Ucrânia que está em jogo. É o destino da Europa", disse von der Leyen. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, na cúpula "Apoie a Ucrânia " Serviço de Imprensa Presidencial Ucraniano/Divulgação via REUTERS LEIA TAMBÉM: 'Ucrânia é uma democracia, a Rússia de Putin não', afirma União Europeia após Trump chamar Zelensky de 'ditador' Trump diz que presença de Zelensky em negociações pelo fim da guerra na Ucrânia não é 'muito importante' Na Alemanha, o líder dos democratas-cristãos alemães, Friedrich Merz, que venceu as eleições parlamentares deste domingo e tem todas as chances de se tornar o próximo chanceler, declarou como "prioridade absoluta" a criação de uma "capacidade de defesa europeia autônoma" como alternativa à "Otan em sua forma atual".  Em uma mensagem nas redes sociais, Zelensky saudou "três anos de resistência" e "heroísmo absoluto dos ucranianos" desde o início do conflito, agradecendo "a todos aqueles que defendem e apoiam" a Ucrânia.  O presidente ucraniano, que disse estar disposto a deixar o cargo em troca de fim da guerra e de entrada da Ucrânia na Otan, também pediu a troca de todos os prisioneiros de guerra para iniciar diálogo com Moscou, apelando por uma "paz real e duradoura" este ano.   Ataques e protestos Membros da polícia forense inspecionam latas de lixo ao redor do consulado da Rússia em Marselha após explosão REUTERS/Manon Cruz Protestos em apoio à Ucrânia também ocorreram neste domingo (23) em capitais europeias como Paris e Praga, e em frente à embaixada russa em Washington e outras cidades americanas. Outras manifestações estão previstas para esta segunda-feira, incluindo Londres e Sydney.  Na França, um perímetro de segurança foi imposto no em torno do Consulado russo em Marselha, no sul do país, depois que três projéteis foram lançados, nesta segunda-feira, contra o muro, provocando uma explosão, segundo uma fonte da segurança. Não houve vítimas e todos os funcionários e cônsul russos foram colocacos em locais protegidos. Ainda nesta segunda, de acordo com autoridades russas, um incêndio atingiu a refinaria de petróleo de Ryazan, uma das maiores da Rússia, ao sul de Moscou, após um ataque de drones ucranianos. Apreensão por aproximação dos EUA com a Rússia A postura do presidente norte-americano, Donald Trump, que tenta impor negociações de paz nos termos desejados pelo russo Vladimir Putin, por enquanto sem garantias de segurança à Ucrânia e aos países europeus, preocupa os ucranianos. Após três anos de apoio militar ininterrupto dos EUA, eles temem que o país seja forçado a aceitar concessões territoriais em troca de um cessar-fogo.  Se o presidente ucraniano concordar em ceder à Rússia as regiões ocupadas que atualmente pelos russos, "os homens que estão lutando por nossa terra (...) não ouvirão Zelensky e continuaremos a pressionar", alerta Oleksandr, comandante de uma unidade de artilharia da 93ª brigada. Muitos homens já perderam "suas casas, suas famílias, seus filhos" e não têm "mais nada a perder", diz o soldado ucraniano.

Tunisiano que matou brasileira e mais 2 pessoas em atentado em Nice confessa crimes em julgamento

24 de Fevereiro de 2025, 13:59

Brahim Aouissaoui responde pela morte três pessoas na Basílica de Nice, em 29 de outubro de 2020, e disse que agiu para "vingar os muçulmanos" mortos pelos ocidentais. O tunisiano Brahim Aouissaoui, acusado de assassinatos e tentativas de assassinatos terroristas FAMILY HANDOUT / AFP O tunisiano Brahim Aouissaoui, acusado de assassinar três pessoas na Basílica de Nice, em 29 de outubro de 2020, confessou finalmente seus crimes durante seu julgamento no Tribunal Especial de Paris para casos de terrorismo, nesta segunda-feira (24). Ele disse que agiu para "vingar os muçulmanos" mortos pelos ocidentais. Entre as vítimas do tunisiano, estava a franco-brasileira Simone Barreto Silva, que tinha 44 anos quando foi morta no ataque. Ela tinha o hábito de passar pela Catedral de Nice a caminho do trabalho para acender uma vela.    Gravemente ferido pela polícia durante o ataque, o tunisiano se recuperou, mas afirmou inicialmente não se lembrar do que aconteceu. No entanto, segundo médicos que o examinaram, os ferimentos que sofreu não poderiam ter causado uma amnésia. Ele não quis se pronunciar na quarta-feira (19), quando o juiz perguntou se ele tinha algo a declarar. Desta vez, o tunisiano, que fala em árabe e é ajudado por um tradutor durante as audiências, afirmou que não era um terrorista, mas sim um muçulmano. Ele ainda acrescentou que o "Ocidente mata cegamente muçulmanos "inocentes" e "se vingar" é "um direito e uma verdade", disse o acusado, que poderá ser condenado à prisão perpétua. Esta é a primeira vez desde a sua detenção, logo após os acontecimentos, que Brahim Aouissaoui, de 25 anos, admite ser o autor dos homicídios, em que agiu com uma faca de cozinha. Também morreram no ataque a paroquiana Nadine Devillers, de 60 anos e o sacristão Vincent Loquès, de 54.  O jovem justificou o seu ato explicando que "todos os dias há muçulmanos que morrem". "Todos os dias matam muçulmanos e não se importam. Não têm empatia por estas pessoas", acrescentou. A escolha das suas vítimas dentro da igreja foi "aleatória", disse Brahim Aouissaoui. "É certo e verdadeiro sair e matar pessoas ao acaso?", questionou o presidente do tribunal, Christophe Petiteau. "Sim", respondeu o acusado categoricamente. "Não tinha preparado nada", mas os homicídios foram "legítimos", declarou. O interrogatório de Brahim Aouissaoui deve durar o dia inteiro e o julgamento está previsto para terminar na quarta-feira (26). Dor para a família da brasileira A brasileira Simone Barreto Silva morreu no ataque à basílica de Nice Reprodução/Facebook/Simone Barreto Silva Simone Barreto Silva deixou três filhos, que já foram ouvidos em outra sessão do julgamento, que começou em 10 de fevereiro. Um menino, que agora tem 15 anos, disse que logo após o atentado, começou a apresentar dificuldades na escola. “Ainda é complicado hoje, mas tenho orgulho de mim mesmo por tentar ficar concentrado”, afirmou. Duas irmãs de Simone, Solange e Bárbara, descreveram a brasileira como uma pessoa dinâmica e batalhadora. “Não esperávamos essa tragédia em nossa família. Era uma pessoa solar, uma mãe perfeita para seus filhos, cheia de alegria, uma mãe que lutava para criar seus filhos sozinha”, descreveu Solange, lembrando as últimas palavras da irmã, “diga a meus filhos que eu os amo”.

Musk ameaça colocar de licença funcionários do governo que não retornarem ao trabalho presencial

24 de Fevereiro de 2025, 12:08

Chefe do departamento focado em corte de gastos do governo Trump disse que medida, com objetivo de reverter políticas de home office remanescentes da pandemia de Covid-19, está valendo já nesta semana. "Lil X", Musk e Donald Trump estiveram juntos na Casa Branca essa semana Reuters O bilionário Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), ameaçou nesta segunda-feira (24) colocar de licença administrativa trabalhadores do governo que não retornarem ao trabalho presencial nesta semana. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp "Aqueles que ignoraram a ordem executiva do presidente Trump para retornar ao trabalho já receberam mais de um mês de aviso. A partir desta semana, aqueles que ainda não retornarem ao escritório serão colocados em licença administrativa", disse Musk em uma publicação no X. Musk foi escolhido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para cortar custos da máquina pública do governo americano e atua também como um conselheiro de Trump. A ameaça desta segunda-feira, a segunda direcionada aos funcionários do governo nos últimos dias, tem a ver com esforços do governo Trump de acabar com home office desses trabalhadores, prática remanescente do período de lockdown por causa da pandemia de Covid-19. Trabalhadores federais enfrentam incertezas no governo Trump, e já começaram esta semana com outra ordem de Musk: prestar contas sobre o trabalho realizado recentemente, sob pena de perderem o emprego. Diversas agências federais, como o Pentágono e o FBI, pediram para que seus funcionários não atendam ao pedido do bilionário. (Leia mais abaixo) Agências federais pedem para funcionários não cederem a Musk O bilionário Elon Musk durante o evento conservador CPAC, realizado nos EUA Jose Luis Magana/AP O Pentágono e outras agências federais americanas, incluindo aquelas agora dirigidas por leais colaboradores do presidente Donald Trump, rejeitaram o pedido de Elon Musk para que seus funcionários expliquem as tarefas realizadas em seu trabalho sob pena de perderem o emprego. Essa resistência indica um possível atrito entre figuras-chave da administração Trump e o bilionário e assessor externo, que lidera uma campanha para reduzir a força de trabalho de milhões de pessoas no governo, o que causou confusão em diversas agências. A confusão gerada por e-mail de Elon Musk a todos os funcionários públicos dos EUA No sábado (22), funcionários federais receberam um e-mail do Escritório de Gestão de Pessoal dos Estados Unidos (OPM), ao qual a Agência AFP teve acesso, dando como prazo até as 23h59 de segunda-feira para responder com as tarefas de seu trabalho realizadas na semana anterior. Funcionários públicos federais disseram à agência que foram aconselhados a não responder imediatamente. Neste domingo, o Departamento de Defesa publicou uma nota pedindo ao seu pessoal para "pausar qualquer resposta" ao e-mail do OPM com o assunto "O que você fez na semana passada?". "O Departamento de Defesa é responsável por revisar o desempenho de seu pessoal e realizará qualquer revisão de acordo com seus próprios procedimentos", afirmou essa entidade em uma publicação no X. Segundo a imprensa local, funcionários designados pelo governo Trump no FBI (polícia federal), no Departamento de Estado e no escritório nacional de inteligência também instruíram seus integrantes a não responder por enquanto Kash Patel, novo diretor do FBI, enviou uma mensagem a seus funcionários no sábado dizendo: "o FBI, por meio do escritório do diretor, está encarregado de todos os processos de revisão", escreveu o The New York Times. Os sindicatos também responderam rapidamente. A Federação Americana de Funcionários Governamentais (AFGE), o maior sindicato do serviço público americano, prometeu contestar qualquer demissão ilegal. Musk, o homem mais rico do mundo e o maior doador de Trump, foi incumbido de cortes de gastos e de combater desperdícios no governo federal à frente do chamado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Doge é uma entidade independente dirigida por Musk que foi rejeitada em várias frentes e recebeu sentenças judiciais divergentes. LEIA TAMBÉM: Elon Musk nega que vá cortar sinal da Starlink na Ucrânia se país não aceitar acordo sobre minérios Elon Musk não dirige oficialmente o DOGE e trabalha como conselheiro de Trump, diz Casa Branca Zelensky diz estar disposto a deixar cargo por fim da guerra e entrada da Ucrânia na Otan

A confusão gerada por e-mail de Elon Musk a todos funcionários públicos dos EUA

24 de Fevereiro de 2025, 11:51

Alguns departamentos incentivaram os funcionários a responder, enquanto outros solicitaram que os funcionários aguardem novas orientações. Sede do FBI, nos Estados Unidos. Getty Images via BBC Os principais departamentos do governo federal nos Estados Unidos orientaram seus funcionários a não responderem a um e-mail enviado no sábado por Elon Musk, no qual são questionados o que realizaram no trabalho na semana passada. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O e-mail é parte de uma iniciativa de cortar gastos e reduzir o número de funcionários do governo federal. A força-tarefa está sendo liderada pelo bilionário Elon Musk à frente do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês). Musk disse no X que caso os funcionários não respondam ao e-mail até segunda-feira à meia-noite (no horário local —1h59 de terça no horário de Brasília), isso será interpretado como um pedido de demissão. O presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não comentou o e-mail. A reação ao e-mail de Musk foi mista. Alguns departamentos —como o FBI, o departamento de Estado e o Pentágono— estão entre as agências que instruíram seus funcionários a não responderem à mensagem. Alguns departamentos do governo aconselharam os funcionários a cumprirem a ordem. E houve outros que recomendaram esperar por mais orientações antes de responder. As orientações conflitantes causaram confusão para centenas de milhares de funcionários do governo. Trump disse, antes do e-mail de Musk, que gostaria de ver o bilionário "mais agressivo" no trabalho. Reuters via BBC No sábado, Musk havia dito no X que em breve os funcionários do governo federal receberiam um e-mail solicitando informações sobre o que cada um fez na semana passada no trabalho. Em seguida, milhões de funcionários públicos receberam a mensagem. Em uma cópia do e-mail obtida pela BBC, os funcionários são solicitados a responder explicando suas realizações da semana passada em cinco tópicos — sem divulgar informações confidenciais. A agência de recursos humanos do governo federal —Office of Personnel Management (OPM, na sigla em inglês)— confirmou que o e-mail é autêntico. A mensagem não menciona que a pessoa possa ser demitida caso não responda, apesar da afirmação de Musk no X de que "a ausência de resposta será considerada um pedido de demissão". O recém-confirmado diretor do FBI, Kash Patel, enviou e-mail à sua equipe no sábado dizendo que eles não deveriam responder à mensagem. "O pessoal do FBI pode ter recebido um e-mail do OPM solicitando informações", escreveu Patel em uma mensagem obtida pela rede americana CBS News. "O FBI, por meio do gabinete do diretor, é responsável por todos os nossos processos de revisão e conduzirá as revisões de acordo com os procedimentos do FBI." O departamento de Estado enviou uma mensagem semelhante, dizendo que a liderança responderia em nome da agência. "Nenhum funcionário é obrigado a relatar suas atividades fora da cadeia de comando do Departamento", afirma um e-mail de Tibor Nagy, subsecretário interino de gestão. O Pentágono disse à sua equipe: "Quando e se necessário, o Departamento coordenará as respostas ao e-mail que você recebeu do OPM." O Departamento de Segurança Interna e a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências deram a seus funcionários instruções semelhantes. Em um sinal de que o e-mail do OPM pode ter pego muitos de surpresa, uma figura sênior do Departamento de Justiça escreveu à equipe na noite de sábado para dizer: "Relatos da mídia indicam que o e-mail foi distribuído a funcionários em todo o governo federal." A mensagem acrescentou que "neste momento, não temos motivos para acreditar que esta mensagem seja spam ou maliciosa". Mais tarde, na noite de sábado, um outro e-mail foi enviado esclarecendo que a mensagem do OPM era "legítima" e que "os funcionários devem estar preparados para seguir as instruções conforme solicitado". A mensagem do departamento de Justiça veio com um aviso à equipe: "Não inclua nenhuma informação sensível ou confidencial em sua resposta. Caso tenha alguma dúvida sobre o conteúdo de sua resposta, entre em contato com seu supervisor. "Se recebermos orientação ou informações adicionais, atualizarei todos os funcionários, conforme necessário." Agências como o Departamento de Transporte, o Serviço Secreto e a Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura também incentivaram sua equipe a obedecer à ordem de Musk, segundo relatos. Outros departamentos, incluindo a Agência de Segurança Nacional, o Serviço de Receita Interna (a receita federal americana) e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, solicitaram que os funcionários aguardassem mais orientações. Nos EUA, pela segunda vez em um mês, um personagem associado ao universo de Donald Trump fez publicamente o gesto que remete à saudação nazista 'Cruel e desrespeitoso' O OPM não respondeu imediatamente à pergunta da BBC sobre se alguns funcionários poderiam estar isentos de ter que responder ao e-mail. A Federação Americana de Funcionários do Governo, o maior sindicato que representa funcionários federais, criticou a mensagem como "cruel e desrespeitosa" e ameaçou processar o governo. Não está claro como o e-mail afetaria os cerca de três milhões de funcionários federais que podem não ter tido acesso aos seus e-mails neste fim de semana. Outros funcionários do governo, como os do Gabinete de Proteção Financeira do Consumidor, foram colocados em licença no último mês. A mensagem veio horas depois de Trump elogiar o trabalho de Musk nas redes sociais, acrescentando: "Gostaria de vê-lo ficar mais agressivo". Na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), o integrante democrata do Comitê de Supervisão e Reforma Governamental criticou o e-mail de Musk em uma carta ao OPM. Gerry Connolly, da Virgínia, escreveu que a agência deveria "esclarecer imediatamente que a não resposta dos funcionários federais a este e-mail mal elaborada no fim de semana não constitui renúncia". "Esta ameaça é ilegal, imprudente e mais um exemplo do caos cruel e arbitrário que Musk está infligindo ao governo do povo e seus dedicados servidores públicos." A maioria dos membros republicanos do Congresso tem defendido Musk e seus esforços. O congressista Mike Lawler, de Nova York, disse à ABC no domingo que os esforços de Musk eram uma "auditoria forense abrangente de todos os departamentos e agências do governo federal". Mas o senador John Curtis, um republicano que representa Utah, criticou os métodos de Musk, apesar de ressaltar que apoia o objetivo final do Doge. "Se eu pudesse dizer uma coisa a Elon Musk, seria: por favor, coloque uma dose de compaixão nisso. Essas são pessoas reais. Essas são vidas reais. Essas são hipotecas [que precisam ser pagas]", Curtis disse à CBS News.

Extrema direita finalmente se impõe como força opositora no Parlamento alemão

24 de Fevereiro de 2025, 10:58

Conservador moderado, Friedrich Merz tentará formar coalizão bipartidária com social-democratas, mas não terá trégua dos radicais do AfD. Alice Weidel, colíder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), fala com imprensa após resultado histórico do partido nas eleições gerais em 24 de fevereiro de 2025. REUTERS/Annegret Hilse Não será fácil, constatou o conservador Friedrich Merz assim que as pesquisas de boca de urna o apontaram como vencedor das eleições na Alemanha. Desafios gigantescos esperam o futuro chanceler democrata-cristão nas missões de recuperar a economia estagnada do país, o seu papel de liderança na Europa e ainda fazer frente a uma nova ordem global, chacoalhada com a reestreia de Donald Trump na Casa Branca. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Internamente, Merz terá na sua cola os radicais do Alternativa para a Alemanha, que cravaram o melhor resultado da extrema direita em nove décadas, com o dobro de votos em relação ao pleito de 2019. O AfD atuará como o maior grupo de oposição no Parlamento alemão e foi, mais uma vez, sumariamente descartado no domingo pelo líder eleito como integrante de sua futura coalizão. "Temos visões divergentes sobre política externa, política de segurança e Otan. Eles podem nos procurar o quanto quiserem, mas não cairemos em uma política errônea. Não vou questionar o legado de 75 anos da União Democrata Cristã apenas por uma autoproclamada Alternativa para a Alemanha. Vocês querem o oposto do que nós queremos", alertou. Saiba quem cresceu na eleição parlamentar da Alemanha A melhor notícia chegou para Merz somente no fim da apuração. Com 28,6% dos votos, o bloco liderado por democratas cristãos pode agora se dar ao luxo de tentar formar um governo bipartidário apenas com os social-democratas do SPD —aliança que funcionou anteriormente em três dos quatro governos de Angela Merkel. Essa comunhão exclui a presença dos Verdes no governo e só será viável porque os liberais democratas (FDP) e a aliança de extrema esquerda BSW não conseguiram votos suficientes para entrar no Bundestag. A realidade da extrema direita, contudo, se impôs na Alemanha. Calcado em posições anti-migração e pró-Rússia, o AfD não dará trégua ao governo. A candidata Alice Wiedel avisou que o partido não pode ser ignorado e sugeriu que as próximas eleições podem vir antes do que o previsto. Em outras palavras, os radicais de direita estão prontos para tirar proveito de um suposto fracasso do novo governo. LEIA TAMBÉM: Vencedor, Friedrich Merz quer compor novo governo até a Páscoa Social Democratas sofrem derrota na Alemanha, conservadores vencem, e extrema direita tem ascensão recorde Medo e impotência: imigrantes brasileiros na Alemanha lamentam ascensão da direita radical Friedrich Merz é favorito para ser o novo chanceler da Alemanha REUTERS/Teresa Kroeger

Medo e impotência: imigrantes brasileiros na Alemanha lamentam ascensão da direita radical

24 de Fevereiro de 2025, 10:20

'Me sinto excluída totalmente do lugar onde vivo', diz estudante moradora de Leipzig. Partido de extrema direita AfD teve desempenho recorde nas eleições gerais de domingo (23). Cidadãos defendem deportação de imigrantes na Alemanha: partido de direita radical AfD tem crescido no país. Getty Images via BBC As eleições parlamentares deste domingo (23) apenas confirmaram o cenário que já se desenhava nos últimos anos: a direita radical está cada vez mais forte e tem cada vez mais apoio da população na Alemanha. O controverso Alternative für Deutschland (AfD, ou Alternativa para a Alemanha), ficou em segundo lugar nas urnas, com 20,6% dos votos. O conservador União Democrata-Cristã (CDU) foi o vencedor, com 28,6% dos votos. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O partido foi alçado principalmente por seu forte discurso anti-imigração. Para os eleitores do AfD esse é o tema mais importante, com foco no aumento de refugiados e pedidos de asilo nas últimas décadas. Durante a campanha, a líder da legenda, Alice Weidel, chegou a apoiar oficialmente um projeto de "remigração", ou o "retorno" em massa de imigrantes e seus descendentes para seus países de origem. O termo ganhou destaque pela primeira vez no cenário político alemão no início de 2024, quando a notícia de que políticos do AfD haviam participado de um encontro com neonazistas para discutir a deportação em massa de milhões de imigrantes e "cidadãos não assimilados" — independente de situação legal ou de possuírem cidadania alemã — escandalizou o país. O episódio provocou uma onda de protestos nacionais e levou o AfD a se distanciar da ideia de "remigração" — uma postura posteriormente abandonada ao longo da campanha. A possibilidade de um endurecimento das políticas migratórias — e o sentimento cada vez mais hostil em relação aos imigrantes — assusta brasileiros que moram na Alemanha. SANDRA COHEN: Extrema direita finalmente se impõe como força opositora no Parlamento alemão 'Me sinto impotente' Gabriela Badain, estudante de 27 anos que mora há dois anos em Leipzig, no leste da Alemanha, diz se sentir impotente diante do avanço da direita radical. "Eu, assim como muitos outros imigrantes, estamos muito preocupados", diz a mestranda que estuda Alemão como Língua Estrangeira. "Sei o quanto o resultado dessa eleição pode influenciar meu futuro, mas não tive o que fazer além de tentar conversar com os eleitores alemães à minha volta, porque não posso votar." No país, apenas pessoas com cidadania alemã possuem direito ao voto em eleições nacionais. "Me sinto excluída totalmente do lugar onde vivo", lamenta a brasileira natural de São Paulo. O estado da Saxônia, onde a cidade em que Gabriela mora está localizada, se tornou um dos principais polos de crescimento do AfD nos últimos anos. Desde setembro do ano passado, o partido tem a segunda maior bancada no Parlamento local, com apenas um assento a menos do que a União Democrata-Cristã (CDU). A região leste da Alemanha, aliás, vem sendo considerada um bastião da direita radical. Também no ano passado, o AfD comemorou um "sucesso histórico" após conquistar quase um terço dos votos nas eleições locais do Estado de Turíngia. Foi a primeira vitória da direita radical em uma eleição para parlamento estadual na Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial. Gabriela afirma nunca ter experimentado ataques xenofóbicos direcionados diretamente contra ela, mas lamenta o aumento dos casos em todo o país — segundo dados compilados pela Statista em 2024, 13,3% da população acredita que o país está em risco por causa dos estrangeiros. "Sou uma pessoa branca e muitas vezes só percebem que sou imigrante quando ouvem meu sotaque, mas já vivenciei situações muito tristes ao lado de colegas ou do meu namorado, que é libanês." A estudante relata um episódio específico em que, durante um encontro em um restaurante com o namorado e outros amigos de origem libanesa, um jovem alemão se aproximou da mesa onde estavam sentados e estendeu o braço em um movimento que pode ser comparado a uma saudação nazista. "Fiquei horrorizada e quis denunciar para a polícia, mas meus amigos disseram que não era a primeira vez que isso acontecia com eles e que não daria em nada." "Sei o quanto o resultado dessa eleição vai influenciar meu futuro, mas não tive o que fazer porque não posso votar", diz Gabriela Badain. Arquivo pessoal via BBC A própria AfD já foi acusada de defender ideias neonazistas e integrantes do partido foram condenados por apologia à ideologia. No ano passado, o partido foi expulso da coligação Identidade e Democracia (ID), formada por partidos da direta radical do Parlamento Europeu, depois que um político da sigla afirmou que os membros da SS nazista "não eram todos criminosos". A SS era uma força paramilitar nazista e foi uma das organizações responsáveis pelo Holocausto. Episódios como esse fizeram com que todos os demais partidos, incluindo a CDU e o Partido Social Democrata (SPD), do primeiro-ministro Olaf Scholz, prometessem nunca colaborar com a AfD, isolando a ultradireita através de um chamado "cordão sanitário". Mas a tentativa de Friedrich Merz de aprovar no Parlamento alemão um projeto que pedia restrições à reunificação familiar e a rejeição de imigrantes nas fronteiras, em janeiro deste ano, causou polêmica em todo o país. Isso porque, para aprovar a moção e as linhas gerais do texto serem discutidas, o líder da CDU contou com apoio da AfD. O projeto de lei acabou não sendo aprovado, mas Merz incluiu em sua lista de prioridades num eventual governo a implementação da medida — algo que também assusta muitos imigrantes. "Ver CDU compartilhando ideias com a AfD preocupou muita gente. Quando vi as notícias sobre isso só consegui pensar 'nossa, agora ferrou'", conta Gabriela Badain. A estudante relata ainda uma inquietação entre colegas estrangeiros que vivem na Alemanha com visto de estudante. "Já estive em várias conversas em que a ideia de terminar o mestrado em outro país surgiu", diz. Ela mesma afirma estar preocupada com seu futuro. "Trabalho meio período como professora de alemão para crianças imigrantes e não sei o quanto essa intolerância crescente pode afetar meu trabalho ou a busca por outras vagas", afirma. Por tudo isso, Gabriela afirma que pretende deixar a Alemanha caso a sensação de insegurança e a hostilidade em relação aos imigrantes cresça ainda mais. "As pessoas imigrantes já passam por muitas dificuldades e desafios por não estarem no próprio país. Então se eu me sentir ameaçada, mesmo eu estando em um lugar de privilégio, me faria não querer continuar morando nesse país — e eu acho que muitas pessoas do meu círculo também se sentem assim." LEIA TAMBÉM: Social-democratas sofrem derrota histórica na Alemanha, conservadores vencem, e extrema direita tem ascensão recorde A Alemanha escolheu um novo governo. E agora? Vencedor, Friedrich Merz quer compor novo governo até a Páscoa 'Única esperança é saber que não são maioria' Luciano Luz, 38, trabalha como entregador de comida por aplicativo desde que se mudou para a cidade alemã de Mannheim há seis anos. O paranaense não nega já ter sido tratado de forma diferente em seu dia a dia apenas por ser imigrante. Ele relata ao menos dois episódios em que se sentiu desrespeitado durante o trabalho. Em uma dessas ocasiões, estava pedalando sua bicicleta quando um carro se aproximou e o passageiro arremessou um copo de água com gelo em suas costas. "Quase 100% dos entregadores de aplicativo na minha cidade são imigrantes e não havia outro motivo para fazerem isso", conta. "Foi a primeira vez que senti medo por conta dessa onda anti-imigração." Natural de Foz do Iguaçu, Luciano imigrou para a Alemanha para ficar mais perto da única filha, nascida de um relacionamento com uma mulher alemã que ele conheceu quando ainda morava no Brasil. Mas apesar de ter sido ele mesmo vítima de preconceito, compartilha que está cada vez mais cultivando um sentimento de apatia diante do crescimento da direita radical. "Evito carregar comigo o sentimento de medo ou raiva diante de tudo que está acontecendo, porque não tem o que eu possa fazer e pensar demais nisso só vai me adoecer", diz. Luciano Luz diz que está cada vez mais cultivando um sentimento de apatia diante do crescimento da direita radical. Arquivo pessoal via BBC "Sinto que as pessoas que votam na AfD sempre cultivaram algum tipo de sentimento anti-imigrante ou anti-LGBT, mas estão se sentindo mais encorajadas e saindo do armário agora. E elas vão continuar pensando assim, não tem jeito." "Minha única esperança é saber que elas não são a maioria da população e que muito possivelmente não vão conseguir eleger um primeiro-ministro agora ou no futuro", afirma. Luciano diz que as pessoas que o acolheram com respeito na Alemanha e que demonstram compaixão em relação aos imigrantes têm ajudado a construir esse pequeno sentimento de confiança em relação ao futuro, mas não de forma suficiente para que ele pense em ficar no país para sempre. O entregador tem planos de voltar a viver no Brasil com a filha em breve. "A verdade é que a extrema direita está crescendo em todo lugar, na Alemanha, nos Estados Unidos e até no Brasil", diz. "Mas sinto falta da minha família e do clima do Brasil, então prefiro voltar." "E acho que nunca me senti totalmente bem-vindo na Alemanha. Sempre notei um tratamento diferente em relação a mim, mesmo falando alemão e respeitando todos os costumes." Boca de Urna indica que CDU foi partido mais votado na Alemanha 'Enxergo uma outra parte da Alemanha' Já Éder Souza, 40, afirma não ter planos de deixar a Alemanha, apesar de também notar um crescimento inegável do sentimento nacionalista e anti-imigrante ao seu redor. "Enxergo uma outra parte da Alemanha que bate de frente com essa onda de direita nacionalista e xenofóbica", diz o paulista natural de Mauá, região metropolitana de São Paulo. "É por isso que eu fico." Éder deixou o Brasil ao lado da esposa em 2018 após receber uma proposta para trabalhar como consultor na área de software. Atualmente vive em Bruchsal, uma cidade localizada perto da fronteira com a França. Mas antes mesmo da mudança, o especialista em tecnologia já se sentia preocupado pela forma como seria recebido na Alemanha. "Comecei a aprender alemão alguns anos antes de me mudar e naquela época já ouvia relatos sobre a AfD e as políticas anti-imigração", diz. "Confesso que isso me fez sentir bastante receio sobre como seria recebido." O brasileiro diz ouvir constantemente relatos de colegas imigrantes sobre casos de xenofobia. "Amigos negros foram xingados na rua mais de uma vez", lamenta. "Mas felizmente eu e minha esposa nunca passamos por nenhuma situação de xenofobia diretamente." Para Éder, uma das posições mais difíceis de entender é a de imigrantes ou cidadãos alemães com origem estrangeira que apoiam a AfD e outros partidos com políticas anti-imigração. "Isso me causa muito espanto", diz. "Mas vejo o quanto a extrema direita usa um discurso populista, com o apoio de figuras como o Elon Musk, para atrair as pessoas." Me causa muito espanto ver imigrantes brasileiros apoiando as ideias da AfD, diz o especialista em tecnologia Éder Souza. Arquivo pessoal via BBC O bilionário sul-africano apoiou o AfD ao participar por videoconferência de um comício da legenda no final de janeiro. "É bom ter orgulho de ser alemão. Lutem por um futuro brilhante para a Alemanha", disse Musk, reiterando seu apoio ao partido que encarna, segundo ele, "a melhor esperança para a Alemanha". Dono da SpaceX e da rede social X (antigo Twitter), o bilionário também apoiou Donald Trump em sua campanha pela presidência americana. Ele atualmente comanda o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) dos EUA.

Papa teve 'boa' noite e repousa no hospital, diz Vaticano

24 de Fevereiro de 2025, 07:35

Neste domingo, o pontífice agradeceu as orações pela saúde e afirmou que segue em tratamento, enquanto o Vaticano monitora seu estado clínico. Papa Francisco Filippo MONTEFORTE / AFP Na madrugada desta segunda-feira (24), o Vaticano informou que o papa Francisco "passou bem a noite, dormiu e está descansando". O pontífice continua lutando contra uma pneumonia dupla. No domingo (23), ainda em estado crítico, o papa Francisco sofre de insuficiência renal leve, disse o Vaticano. Em boletim divulgado na tarde de ontem, médicos afirmaram que um novo exame apontou a insuficiência renal, que é inicial e está atualmente controlada. O boletim afirma ainda que o pontífice não sofre mais de crise respiratória. O prognóstico completo de Francisco segue em sigilo por conta da complexidade do quadro, disse ainda o Vaticano, que afirma também que ele está "vigilante e bem orientado". ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp "O estado de saúde do Santo Padre continua crítico. No entanto, desde ontem à noite ele não apresentou mais crises respiratórias", disse o boletim. "No entanto, alguns exames de sangue mostram uma insuficiência renal inicial, leve, atualmente controlada. A complexidade do quadro clínico e a espera necessária para que as terapias farmacológicas deem algum resultado exigem que o prognóstico permaneça reservado". O boletim afirmou também que o pontífice segue fazendo uso de almofadas nasais para a aplicação de oxigênio em altos fluxos (oxigenoterapia). Mais cedo, o Vaticano já havia informado sobre esse procedimento. "O papa Francisco usou almofadas nasais esta manhã para a aplicação de oxigênio em altos fluxos. Outros exames clínicos estão em andamento. Para saber os resultados, aguardamos o boletim desta noite", disse o Vatican News. Também neste domingo (23), em oração escrita pelo papa Francisco, o pontífice agradeceu às orações pela sua saúde e disse que continua 'realizando os tratamentos necessários'. "De minha parte, continuo confiante a internação na Policlínica Gemelli, realizando os tratamentos necessários; e também o repouso faz parte da terapia! Agradeço de coração aos médicos e ao profissionais de saúde deste Hospital pela atenção que me dispensam e pela dedicação com que prestam seu serviço aos doentes". O pontífice também convidou os fiéis a rezarem pelos países onde há conflitos, da "Palestina ao Sudão", com um pensamento particular para a Ucrânia. O texto foi divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé. É o segundo domingo que Francisco não participa da tradicional oração de Angelus. Neste domingo, a missa foi conduzida pelo Arcebispo Rino Fisichella. Francisco ainda dedicou agradecimento especial às demonstrações de carinho feitas pelas crianças. "Nestes dias recebi muitas mensagens de afeto e fiquei particularmente tocado pelas cartas e pelos desenhos das crianças. Obrigada por essa proximidade e pelas orações de conforto que recebi do mundo inteiro! Confio todos à intercessão de Maria e peço que rezem por mim." Noite tranquila Para Francisco teve noite tranquila, diz Vaticano O papa Francisco teve uma noite tranquila, informou o Vaticano no início da manhã de domingo (23). O comunicado vem um dia após o pontífice sofrer uma crise de asma prolongada e o seu estado de saúde ser descrito como crítico pela primeira vez. O Papa Francisco, internado desde 14 de fevereiro após sentir dificuldade para respirar por vários dias. O pontífice, de 88 anos, foi internado no hospital Gemelli, em Roma, devido a uma bronquite. No hospital, foi diagnosticado como pneumonia bilateral e infecção polimicrobiana. Na sexta-feira (21), Francisco completou uma semana de internação e os médicos do papa fizeram uma entrevista coletiva para atualizar o quadro clínico do pontífice. Segundo a equipe médica, o papa não corre risco de morte, mas também não está fora de perigo por ser um "paciente frágil". Por conta disso, Francisco permanecerá internado por pelo menos mais uma semana. Eles também disseram que o pontífice: Não está conectado a nenhum aparelho de respiração; Consegue caminhar, mas só distâncias curtas por conta da dificuldade respiratória e do problema prévio em seu joelho; Ainda assim, se levanta com frequência e trabalha de uma poltrona; Não tem quadro de sepse (infecção generalizada); Sabe que está em perigo e pediu que os médicos não escondessem nenhuma informação do público; Está comendo de forma regular e "apresenta bom apetite"; É considerado "um paciente frágil", principalmente por conta da idade; Está respondendo aos tratamentos, mas o quadro pode ir mudando a cada dia; Não está divulgando fotos porque "não queremos uma foto do papa em pijama". Durante todo esse período, diz o Vaticano, Francisco tem trabalhado e se mantido informado através da leitura de jornais. O papa também consegue se movimentar dentro de seu quarto no hospital, atende algumas ligações telefônicas e continua com alguns afazeres administrativos. Ainda segundo o Vaticano, todos os compromissos públicos do papa foram cancelados. Pneumologista fala sobre boletim médico do Papa Francisco; quadro é considerado crítico

Vencedor, Friedrich Merz diz que quer compor novo governo até a Páscoa

24 de Fevereiro de 2025, 06:52

Eleitores alemães foram às urnas neste domingo (23/02) para escolher quem vai liderar o país após a desintegração da coalizão de governo do chanceler federal Olaf Scholz em novembro. Os eleitores alemães foram às urnas neste domingo (23) para escolher quem vai liderar o país após a desintegração da coalizão de governo do chanceler federal Olaf Scholz em novembro do ano passado. No pleito, venceu a aliança conservadora de oposição União Democrata Cristã (CDU)/União Social Cristã (CSU), liderada por Friedrich Merz, provável futuro chanceler do país. Mas Merz, que dependerá de alianças com outros partidos, não deve ter uma tarefa fácil pela frente: a perspectiva é de um Bundestag (nome dado ao Parlamento alemão) fragmentado e negociações para a formação de um novo governo que podem se arrastar por semanas. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O resultado significa também uma derrota histórica para o Partido Social Democrata (SPD) de Scholz e para o Partido Liberal Democrático (FDP), ex-parceiro de coalizão que ficou de fora do Parlamento. Parceiros de coalizão de Scholz, os Verdes também devem perder alguns mandatos. Já a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) quase dobrou seu eleitorado e será a segunda maior bancada no Parlamento. O partido A Esquerda conseguiu reverter sua trajetória de declínio nas pesquisas e garantiu bancada minoritária no Parlamento. A sigla populista de esquerda BSW, dissidência do A Esquerda, também ficará sem mandato no Bundestag. A campanha foi dominada por temas como a estagnação econômica do país, imigração, a continuidade da guerra na Ucrânia e a influência no pleito de atores externos no pleito como o bilionário Elon Musk e o vice-presidente americano J.D. Vance, que manifestaram simpatia pela AfD. Composição do Parlamento alemão antes da eleição de 2025 e após o pleito. arte/ g1 LEIA MAIS: Celulares do golpe: Fantástico mostra áudios inéditos de militares e civis que planejavam derrubar o governo Conservadores vencem eleição na Alemanha, e extrema direita tem ascensão recorde City, trail ou crossover? VÍDEO mostra qual moto se encaixa melhor no seu dia a dia AfD lidera votação em todos os cinco estados do leste da Alemanha Saiba quem cresceu na eleição parlamentar da Alemanha O partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) se firmou como a segunda maior força política nesta eleição, atrás dos conservadores do bloco CDU/CSU. A AfD deve recebeu pouco mais de 20% dos votos, contra 28,5% do bloco conservador. Mas, se dependesse somente dos eleitores do leste alemão, a legenda terminaria o pleito em primeiro lugar. Na contagem do voto de legenda, a AfD aparece à frente de todos os seus concorrentes nos cinco estados do leste alemão. Na Turíngia, um dos principais redutos eleitorais da legenda, a AfD recebeu 38,6% dos votos na contagem final, de acordo com a comissão eleitoral estadual. Na Saxônia, a AfD aparece com 40,1% após o término da contagem em 414 dos 420 distritos eleitorais. A AfD também estava na liderança nos estados de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Brandemburgo e Saxônia-Anhalt – mas a contagem ainda não foi completada. Na Turíngia, na Saxônia e na Saxônia-Anhalt, diretórios locais da AfD são oficialmente classificados como “extremistas" por órgãos locais de inteligência, que monitoram de perto as atividades de seus membros. Na antiga Berlim Oriental, porém, o partido A Esquerda é o preferido do eleitorado. Vencedor, Friedrich Merz quer compor novo governo até Páscoa Líder da aliança vencedora União Democrata Cristã (CDU)/União Social Cristã (CSU) e provável novo chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz disse querer formar um novo governo até a Páscoa, em 20 abril. Na Alemanha, os eleitores não votam diretamente nos candidatos a chanceler, mas em seus partidos. Para conseguir liderar um governo estável, um pretendente a chanceler federal precisa garantir mais de 50% dos votos no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão. Caso nenhum partido obtenha essa marca sozinho, é necessária a formação de uma aliança. Normalmente, a iniciativa para liderar a costura de uma coalizão de governo e propor quem será o novo chanceler federal cabe à legenda que conquistar mais cadeiras no Parlamento. Merz já afirmou diversas vezes descartar uma coalizão com a sigla de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), isolada no Bundestag por um "cordão sanitário", o que torna uma participação da legenda no próximo governo altamente improvável. Mas diante da perspectiva de um parlamento fragmentado, a formação de uma coalizão não deve ser tarefa fácil. Olhos estão voltados para desempenho de novo partido de esquerda "antiwoke" A eleição deste domingo também marcou a estreia em eleições federais da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), legenda populista de esquerda formada em 2024 que leva o nome da sua fundadora. Nas primeiras projeções da noite de domingo — e confirmado pelas urnas —, o partido de Wagenknecht aparecia abaixo dos 5%, com 4,9% dos votos, ainda insuficientes para garantir uma bancada no Bundestag. Pelas regras da eleição alemã, partidos precisam de ao menos 5% dos votos ou eleger ao menos três deputados pelo voto direto nos distritos. Do contrário, seus votos são desprezados na formação do Parlamento. Caso a BSW entre no Bundestag, ela vai diminuir o espaço das legendas maiores e, com isso, dificultar a formação de uma coalizão de governo pelo conservador Friedrich Merz. Antes de lançar a BSW no ano passado, Wagenknecht era uma figura proeminente da legenda A Esquerda, mas vivia às turras com seus antigos correligionários por causa da sua oposição à imigração irregular e ao "identitarismo". Ao estrear em 2024 nas eleições europeias e três pleitos estaduais na Alemanha, a BSW se apresentou para o eleitorado com uma agenda heterodoxa: esquerdista em assuntos econômicos, porém mais próxima da ultradireita em questões como imigração e diversidade. Analistas chegaram a apontar que a nova legenda poderia tomar quase todo o espaço do partido A Esquerda, e pesquisas no final do ano passado sugeriram isso. No entanto, conforme a campanha avançou, a BSW foi perdendo fôlego, e acabou sendo superada pela velha agremiação de Wagenknecht. Trump comemora vitória de conservadores na Alemanha: "grande dia" O presidente americano, Donald Trump, comemorou via redes sociais a vitória dos conservadores na eleição alemã e atribuiu o resultado ao "cansaço" do povo alemão com uma agenda "sem senso comum, especialmente em energia e imigração". "Parece que o partido conservador na Alemanha ganhou a eleição", disse sobre o triunfo de União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), bloco liderado por Friedrich Merz, cotado para ser o próximo chanceler federal. "Este é um grande dia para a Alemanha, e para os EUA sob a liderança de um cavalheiro chamado Donald J. Trump. Parabéns a todos — muito mais vitórias virão!!!", postou em sua rede social, a Truth Social. Confira o resultado das eleições por idade e gênero O eleitorado alemão é relativamente velho: 42,1% dos eleitores têm 60 ou mais anos. E é neste grupo que a aliança conservadora entre os partidos da União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), que venceu a votação deste domingo (23/02), teve seu melhor desempenho. Logo atrás da CDU/CSU vem o Partido Social Democrata (SPD), do chanceler federal Olaf Scholz, que no cômputo geral amargou o terceiro lugar. Já a AfD performa melhor entre os eleitores até 44 anos. No outro espectro do campo político, o partido A Esquerda, que renasceu nas urnas após ter sua morte política quase dada como certa, lidera entre os eleitores até 24 anos. Em termos de gênero, as diferenças entre o eleitorado masculino e feminino ficam evidentes principalmente no voto para a AfD, mais de 50% maior entre homens. Eleitorado pune Verdes e liberais, que formaram coalizão de Scholz O Partido Social Democrata (SPD) do chanceler federal Olaf Scholz não foi a única legenda castigada nas urnas neste domingo (23/02). Segundo as primeiras projeções, também os Verdes e o Partido Liberal Democrático (FDP), que fizeram parte da coalizão de governo nos últimos três anos, perderam eleitores. Em meio a um cenário de crise econômica, alta nos preços de energia e tensões geopolíticas, os Verdes devem encolher alguns pontos percentuais, mas se manter em torno dos 12%. O resultado interrompe a trajetória de crescimento que o partido ambientalista – um dos principais alvos de críticas da ultradireita – teve na última década. No caso do FDP, a legenda pró-mercado que rompeu com Scholz em novembro do ano passado deve perder mais da metade do seu eleitorado em relação a 2021. E, com menos de 5% dos votos, arrisca até mesmo sair do Parlamento caso não consiga garantir a eleição de ao menos três deputados por mandato direto. Essa seria apenas a segunda vez que isso ocorre na trajetória de 76 anos do partido – a última havia sido no pleito de 2013. A saída do FDP da coalizão de governo de Scholz deixou o social-democrata sem maioria para governar e levou à antecipação das eleições. Oficialmente, o FDP justificou o rompimento alegando discordar da administração do Orçamento. Reportagens divulgadas na imprensa alemã, contudo, sugerem que a saída teria sido cálculo eleitoral.

Quais são os minerais raros da Ucrânia – e por que Trump está de olho neles?

24 de Fevereiro de 2025, 06:00

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que não vai "vender nosso Estado" após rejeitar uma proposta de Donald Trump para dar aos EUA acesso às vastas reservas minerais da Ucrânia. Veja por que elas são importantes Zelensky afirmou que não vai "vender nosso Estado" após rejeitar uma proposta de Donald Trump para dar aos EUA acesso às vastas reservas minerais da Ucrânia Getty Images/via BBC O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, havia dito que não iria "vender nosso Estado" após rejeitar uma proposta de Donald Trump para dar aos EUA acesso às vastas reservas minerais do país. Neste domingo (23/2), porém, Zelensky recuou no tom e disse "estar pronto para conversar sobre minerais" com os americanos. "Estamos prontos para compartilhar", disse. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A Ucrânia possui enormes depósitos das chamadas "terras raras" e minerais estratégicos, mas muitos estão em áreas controladas por tropas russas. Trump afirmou que esses recursos deveriam ser trocados pelo contínuo apoio dos EUA à Ucrânia na guerra contra a Rússia. "Eu disse [à Ucrânia] que quero o equivalente a, tipo, US$ 500 bilhões [cerca de R$ 2,9 trilhões] em terras raras, e eles essencialmente concordaram em fazer isso", disse Trump ao repórter da Fox News, Bret Baier, em 10 de fevereiro. A proposta de Trump destacou a importância desses minerais para os EUA, mas para que eles servem e o que podem oferecer ao país? As rochas cretáceas de Bilokuzmynivka, na região de Donetsk e Luhansk, abrigam alguns dos minerais mais valiosos da Ucrânia Getty Images/Via BBC O que são os minerais de terras raras? "Terras raras" é um termo coletivo para 17 elementos quimicamente semelhantes amplamente utilizados na tecnologia e na indústria modernas. Esses elementos são cruciais para a produção de smartphones, computadores, equipamentos médicos e vários outros produtos. Eles incluem: Sc – escândio, Y – ítrio, La – lantânio, Ce – cério, Pr – praseodímio, Nd – neodímio, Pm – promécio, Sm – samário, Eu – európio, Gd – gadolínio, Tb – térbio, Dy – disprósio, Ho – hólmio, Er – érbio, Tm – túlio, Yb – itérbio, Lu – lutécio. Os minerais são chamados de "raros" porque é muito incomum encontrá-los em forma pura, embora existam depósitos de alguns deles em várias partes do mundo. No entanto, as terras raras frequentemente ocorrem junto a elementos radioativos, como tório e urânio, e separá-los exige o uso de muitos produtos químicos tóxicos, tornando o processo de extração às vezes difícil e caro. VEJA TAMBÉM Zelensky diz estar disposto a deixar cargo por fim da guerra e entrada da Ucrânia na Otan Quais minerais a Ucrânia tem? A Ucrânia possui 21 das 30 substâncias que a União Europeia define como "materiais brutos essenciais", representando cerca de 5% das reservas mundiais. Muitas das áreas que contêm esses elementos estão localizadas no sul do Escudo Cristalino Ucraniano (grande área de rochas), principalmente sob o Mar de Azov. A maioria desses territórios está atualmente ocupada pela Rússia. No entanto, ainda há projetos promissores na região do rio Bug, no oeste do país, assim como nas regiões de Kiev, Vinítsia e Jitomir. Especialistas afirmam que, embora centenas de locais geológicos promissores tenham sido identificados, apenas alguns deles podem se tornar depósitos viáveis, caso seu desenvolvimento seja considerado economicamente factível. "As estimativas divulgadas são, de fato, apenas estimativas", diz Adam Webb, chefe de Materiais Brutos para Baterias na Benchmark Mineral Intelligence, uma agência de informações especializadas sobre esse mercado. "É necessário muito mais trabalho para transformar esses depósitos minerais em reservas economicamente exploráveis." Quanto a outros recursos minerais importantes da Ucrânia, segundo a Forbes Ucrânia, cerca de 70% deles estão localizados nas regiões de Donetsk, Dnipro e Luhansk. Portanto, muitos estão em territórios invadidos e ainda ocupados pela Rússia. Além dos minerais raros, a Ucrânia também possui o que são conhecidos como "minerais críticos" — ou estratégicos —, como o lítio. De acordo com o governo da Ucrânia, o país possui cerca de 450 mil toneladas de reservas de lítio. No entanto, ainda não está sendo extraído, embora haja planos para que a mineração comece em breve. A Rússia ocupou pelo menos dois depósitos de lítio: Shevchenkivske, na região de Donetsk, e o complexo de minério de Kruta Balka, na região de Berdyansk. Os depósitos de minério de lítio na região de Kirovohrad permanecem sob controle ucraniano. O que Trump quer com esses minerais? O interesse dos EUA em controlar a produção de terras raras e, possivelmente, minerais críticos, deve-se em grande parte à competição com a China, que atualmente domina o fornecimento global. Nas últimas décadas, a China se tornou líder tanto na mineração quanto no processamento de minerais raros, respondendo por 60% a 70% da produção mundial e quase 90% da capacidade de processamento. A dependência dos EUA em relação à China nesse aspecto provavelmente é preocupante para a administração Trump – tanto em termos de segurança nacional quanto economicamente. Esses materiais são necessários para tecnologias altamente sofisticadas – desde carros elétricos até equipamentos militares. Donald Trump, presidente dos EUA Getty Images/Via BBC Análise: 'um paradoxo' Por Navin Singh Khadka, repórter de Meio Ambiente do Serviço Mundial da BBC À primeira vista, parece um paradoxo. Trump ordenou a expansão da produção de combustíveis fósseis, abandonando as políticas de energias renováveis. Mas, ao mesmo tempo, ele quer garantir os minerais críticos – que são essenciais para a transição para uma energia limpa – de onde seja possível. No entanto, esses minerais também são os blocos fundamentais para produtos eletrônicos de consumo, equipamentos militares e de navegação, e – mais importante ainda – centros de dados de inteligência artificial (IA). Trump anunciou uma grande iniciativa para expandir a infraestrutura de IA em seu país. Isso exigirá um enorme fornecimento de minerais críticos – principalmente cobre, silício, paládio e elementos de terras raras. E o fornecimento desses minerais já começou a declinar, tornando-se uma das principais causas do desaceleramento do crescimento global das energias limpas. Especialistas afirmam que a dominância chinesa dos minerais críticos, incluindo elementos de terras raras, é o principal fator para o desejo de Trump, devido à disputa geopolítica entre os EUA e a China. Após décadas aperfeiçoando tecnologias de processamento e expertise, a China atualmente controla 100% do fornecimento refinado de grafite natural e disprósio, 70% de cobalto e quase 60% de todo o lítio e manganês processados, de acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável. A potência asiática também produz predominantemente elementos de terras raras e mantém um controle rigoroso sobre metais-chave ao redor do mundo, com a posse de grandes minas na África, Ásia e América do Sul. "Para combater o crescente domínio da China sobre a cadeia de suprimentos global", disse o Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes dos EUA durante a administração de Biden, "é essencial que os EUA assegurem seu próprio fornecimento inovador de minerais críticos e estratégicos." A administração Trump parece ver locais como a Ucrânia e a Groenlândia como áreas para utilizar métodos inovadores a fim de adicionar à sua cadeia de suprimentos.

A Alemanha escolheu um novo governo. E agora?

24 de Fevereiro de 2025, 05:47

Aliança conservadora CDU/CSU será a maior força no Parlamento alemão, cacifando-se para nomear o próximo chefe de governo: Friedrich Merz. Merz é casado com Charlotte, uma juíza, há mais de 40 anos. AFP via BBC Vitória da aliança conservadora de Merz, derrota retumbante dos social-democratas de Scholz, e um em cada cinco votos depositados na ultradireitista AfD. O que isso significa para o país? A aliança conservadora CDU/CSU será a maior força no Parlamento alemão, cacifando-se para nomear o próximo chefe de governo: Friedrich Merz. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp "Ganhamos esta eleição", celebrou o candidato a chanceler federal e líder da União Democrata Cristã (CDU). Mas a empolgação não era tão grande na sede do partido, em Berlim. De olho nas difíceis costuras para a formação de uma coalizão de governo, os conservadores esperavam um desempenho melhor, acima dos 30% – mas ficaram com cerca de 28%. Como não têm maioria para governar sozinhos, os conservadores precisam buscar parceiros de coalizão. A Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar com quase 21%, poderia servir – do ponto de vista matemático. Um em cada cinco eleitores apoia a sigla de ultradireita, que é monitorada pelos órgãos de inteligência alemã e tem alguns de seus diretórios reconhecidos como "extremistas" por serem potenciais ameaças à ordem democrática. "Dobramos de tamanho! Queriam nos cortar pela metade, e aconteceu o contrário", gabou-se a candidata e co-líder da AfD, Alice Weidel. Segundo ela, só com a ajuda da AfD é que CDU e CSU poderiam pôr em prática suas promessas de campanha, como o fim da imigração irregular. "Nossa mão sempre estará estendida para uma participação no governo, para realizar a vontade do povo, a vontade da Alemanha." Mas os conservadores foram categóricos ao descartar, ainda durante a campanha, uma aliança com a AfD. "Temos concepções bem diferentes, por exemplo na política externa, na política de segurança, em muitas outras áreas, no que diz respeito aos temas União Europeia, Otan e euro", repetiu Merz na noite da eleição. "Pode estender a mão como quiser", disse, dirigindo-se a Weidel na TV. Weidel retrucou prometendo que a AfD, como maior bancada de oposição, fará pressão. "Vamos perseguir os outros, para que façam política séria pelo nosso país", ameaçou. LEIA TAMBÉM: Social-democratas sofrem derrota histórica na Alemanha, conservadores vencem, e extrema direita tem ascensão recorde SANDRA COHEN: Extrema direita finalmente se impõe como força opositora no Parlamento alemão Vencedor, Friedrich Merz diz que quer compor novo governo até a Páscoa União promete mudança de rumo no governo Além do desempenho fraco da economia, o principal tema da campanha foi a política de asilo e refúgio do país. "Sentimos a insegurança dos alemães", afirmou o chefe da União Social Cristã (CSU), Markus Söder, ao explicar o sucesso da AfD. As pessoas já não teriam mais certeza de que os conservadores vão cumprir suas promessas e, por isso, elas apelam à AfD. "Faremos de tudo para organizar uma mudança de rumo na Alemanha", assegurou. Saiba quem cresceu na eleição parlamentar da Alemanha Na lista de possíveis parceiros de coalizão estão o Partido Social Democrata (SPD), do chanceler derrotado Olaf Scholz, e os Verdes, que compuseram o governo anterior. SPD e Verdes estão digerindo os resultados – especialmente amargos para os social-democratas, que com cerca de 16% tiveram sua pior performance desde 1890. "É um resultado amargo", admitiu Scholz. "Devastador e catastrófico", definiu o ministro da Defesa dele, Boris Pistorius. Scholz, um chanceler sem sorte Olaf Scholz, chanceler alemão, vai perder cargo com a dissolução do governo Lisi Niesner/Reuters Scholz é o único chanceler federal dos últimos 50 anos a perder uma reeleição. Seu governo de coalizão com os Verdes e o Partido Liberal Democrático (FDP) não durou três anos – colapsou em novembro de 2024, após uma briga sobre a administração do Orçamento. Até a formação de um novo governo, Scholz seguirá chanceler interino; depois disso, ele diz que só vai querer ser parlamentar. O SPD não foi o único punido nas urnas. O FDP também perdeu feio, não atingiu os 5% e não fará mais parte do próximo Bundestag (a câmara baixa do parlamento alemão); seu líder, Christian Lindner, anunciou depois da derrota que deixará a política. As perdas dos Verdes não foram tão dramáticas assim. Seu principal candidato, Robert Habeck, falou em "resultado eleitoral respeitável". "Não fomos tão duramente punidos, mas queríamos mais e não alcançamos isso", lamentou. Mas disse que o partido está aberto ao diálogo com os conservadores para a formação de uma coalizão. Triunfo do A Esquerda Boca de Urna indica que CDU foi partido mais votado na Alemanha O partido A Esquerda (Die Linke) protagonizou uma reviravolta surpreendente entre as siglas menores nas eleições e garantiu, com mais de 8% dos votos, seu lugar no Bundestag. Mas os conservadores já haviam descartado uma coalizão com eles antes mesmo da eleição, assim como com a sigla populista de direita Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), dissidência do A Esquerda. Independentemente de quão complicadas as negociações de coalizão possam se tornar, o próximo governo enfrentará enormes desafios. E, dada a quantidade de tarefas, ele tem que ser formado rapidamente, avisou Merz: "O mundo lá fora não espera por nós, nem espera por longas e detalhadas conversas e negociações de coalizão." Segundo o líder conservador, a Alemanha precisa recuperar rapidamente sua capacidade de ação, "para que possamos estar presentes novamente na Europa e que o mundo reconheça: a Alemanha é governada de forma confiável novamente". E para que isso dê certo, argumenta a CDU, o acordo de coalizão tem que ser elaborado como um "quadro geral", e não como uma proposta de governo detalhada. Rombo bilionário no Orçamento O maior desafio do novo governo deve ser o financiamento do Orçamento. A arrecadação tributária já não basta mais para cobrir todos os custos do Estado. Despesas militares crescentes, a reforma da infraestrutura, a transição energética – tudo isso consome bilhões. A isso soma-se a maior crise econômica da Alemanha desde a reunificação. A eleição foi a primeira desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Desde então, o governo federal apoiou Kiev com cerca de 28 bilhões de euros. Isso faz da Alemanha o segundo maior apoiador da Ucrânia, atrás somente dos Estados Unidos. As coisas mudaram desde que Donald Trump voltou à Casa Branca; o novo governo americano deu as costas para a Europa. De Washington chega o recado de que, daqui para a frente, cabe à Europa ajudar a Ucrânia e cuidar mais de sua própria Defesa. Expectativas internacionais Para o novo governo, isso significa que ele terá que definir prioridades – principalmente se a Alemanha quiser voltar a ter o peso político que a CDU invocou na campanha. "Precisamos assumir de novo um papel de liderança na Europa; não de cima para baixo, mas com a França, com a Polônia, com uma União Europeia forte", disse o secretário-geral da CDU, Carsten Linnemann, pouco antes da eleição à emissora ARD. Além das iniciativas diplomáticas, isso demandará grandes esforços financeiros. O maior ponto contencioso nas negociações para a formação de um governo de coalizão deve ser de onde tirar esse dinheiro: endividamento ou corte de gastos? Há diferenças principalmente entre os conservadores e os social-democratas. E o freio da dívida? A Constituição alemã determina que o governo não pode gastar mais do que arrecada. Há exceções em casos emergenciais, como catástrofes naturais e grave crise econômica. SPD e Verdes dizem que é impossível evitar novas dívidas. Merz, da CDU, discorda: ele aposta no crescimento da economia e quer cortar benefícios sociais – algo inaceitável para o SPD. Já os Verdes resistem a cortes na proteção climática. O novo Parlamento terá que assumir até 25 de março, no mais tardar. O mandato de Scholz – e portanto seu governo – termina oficialmente com a sessão inaugural do Bundestag, mas continua em caráter provisório caso não haja um novo governo até lá.

Partido de esquerda alemão renasce nas urnas

24 de Fevereiro de 2025, 05:04

Partido A Esquerda superou expectativas na reta final da campanha ao abordar temas que preocupam eleitorado jovem e apostar em vídeos virais. Frescor, carisma, otimismo: Heidi Reichinnek incorpora muito daquilo que faltou ao partido A Esquerda nos anos mais recentes Jens Krick/Flashpic/picture alliance Após anos de declínio e racha que dividiu legenda em 2024, o partido A Esquerda (Die Linke) superou expectativas na reta final da campanha ao abordar temas que preocupam eleitorado jovem e apostar em vídeos virais. A eleição antecipada na Alemanha neste domingo (23/02) foi palco de um renascimento que parecia improvável há poucos meses. Ao conquistar 8,5% dos votos, o partido A Esquerda se juntou ao diminuto clube de legendas que registrou crescimento entre o eleitorado em relação ao último pleito, em 2021. Segundo pesquisa boca de urna, o partido expandiu seu eleitorado em 3,6 pontos. Ainda que A Esquerda apareça em quinto lugar na disputa, bem atrás de concorrentes como a União Democrata-Cristã (CDU) – primeira colocada na eleição –, a votação foi encarada com alívio entre os esquerdistas. Com o resultado, o partido reverteu um declínio observado nos últimos anos e superou um temor inicial de que a sigla não se mostraria capaz de superar a cláusula de barreira para ter a prerrogativa de formar uma bancada no Parlamento alemão (Bundestag). LEIA MAIS: Conservadores vencem eleição na Alemanha, e extrema direita tem ascensão recorde Celulares do golpe: Fantástico mostra áudios inéditos de militares e civis que planejavam derrubar o governo City, trail ou crossover? VÍDEO mostra qual moto se encaixa melhor no seu dia a dia Crise existencial Formada em 2007 por remanescentes do antigo partido comunista da Alemanha Oriental e uma ala mais à esquerda que se separou do Partido Social-Democrata (SPD), A Esquerda por pouco não havia ficado de fora do Bundestag em 2021. À época, ao obter 4,9% dos votos, a legenda só não foi barrada pela cláusula de barreira de 5% porque conseguiu eleger três deputados por voto direto, o que compensou o resultado magro e permitiu que os esquerdistas formassem uma bancada no Bundestag. No entanto, em 2024, veio uma nova crise, quando um grupo de dez deputados de esquerda deixou a legenda para formar uma nova agremiação concorrente, a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW, na sigla em alemão), que foi batizada com o nome da sua fundadora. Antes de lançar a BSW, Wagenknecht era uma figura proeminente da legenda A Esquerda. No entanto, Wagenknecht vivia às turras com seus antigos correligionários por causa da sua oposição à imigração ilegal e ao "identitarismo". Wagenknecht deixou claro que pretendia usar a nova legenda para conquistar tanto eleitores da esquerda quanto pessoas que foram atraídas para a ultradireita nos últimos anos. Ainda em 2024, A Esquerda também encolheu significativamente em um trio de eleições estaduais no leste alemão, um de seus principais redutos eleitorais, perdendo espaço para a nova BSW. Por um momento, parecia que A Esquerda caminhava para a irrelevância. O quadro ainda pareceu mais sombrio quando pesquisas publicadas no final de 2024, após o anúncio das eleições federais antecipadas, apontaram que o partido mal alcançava 3% das intenções de voto no plano nacional, bem atrás dos seus novos concorrentes da BSW, que chegaram a pontuar 8%. Virada No final de janeiro de 2025, o quadro começou a mudar significativamente para A Esquerda. O anúncio das eleições antecipadas pelo chanceler federal Olaf Scholz no fim de 2024 e a saída de dissidentes em 2024 acabaram sendo uma benção disfarçada. Menos distraído por disputas internas, o partido passou a demonstrar mais unidade. Mas a ajuda decisiva parece ter vindo de políticos mais jovens da legenda. Uma das sensações da campanha da legenda foi a deputada federal Heidi Reichinnek, de 36 anos, que resolveu liderar uma nova ofensiva do partido num campo que até então não era tão explorado: as redes sociais. Fazendo discursos combativos e exibindo uma tatuagem da revolucionária Rosa Luxemburg em um dos seus braços, Reichinnek reuniu meio milhão de seguidores no TikTok. Em janeiro, um de seus vídeos, com pesadas críticas ao conservador Friedrich Merz se tornou viral na Alemanha. No mesmo mês, o partido ganhou 20 mil novos filiados, totalizando 81 mil membros. Os novos filiados têm em média 28 anos, reduzindo a idade média para 43. Na campanha eleitoral, o partido também optou por priorizar questões que preocupam muitos cidadãos, especialmente os jovens, e que, em meio ao debate sobre a imigração, foram deixadas de lado por outros concorrentes: moradia e custo de vida. Boca de Urna indica que CDU foi partido mais votado na Alemanha
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